Review of Prime

Prime (2005)
8/10
Tanta Uma Thurman que Maryl Streep parece apenas mais uma actriz
27 April 2010
Um filme simpático e mordaz, que nos consegue divertir enquanto revela o quão complicada pode ser uma ligação amorosa e o quanto complexas são as relações humanas, tanto sociais, como familiares. Uma comédia romântica com um pouco mais de drama do que habitualmente, onde é esmiuçada a reciprocidade terapeuta/paciente e a maturidade se encontra onde menos seria de esperar.

Ben Younger, o realizador e argumentista nova-iorquino que havia surpreendido com "Dinheiro Quente", volta a demonstrar uma séria aptidão para abordar a juventude a partir de pontos de vista inexplorados, desenvolvendo uma comédia inteligente sobre o quão caricata pode ser a conjuntura entre uma paciente e a sua psicoterapeuta a partir do momento em que sabemos que há algo mais que as envolve, mesmo que estas ainda o desconheçam… Esse algo mais é o recente namorado de uma que é o filho da outra, o qual teria sido uma excelente "Terapia do Amor" se fosse apenas um "boneco de trapos", não o "menino" querido da sua conservadora terapeuta judia.

Ainda muito "verde" e com amizades e costumes um pouco bizarros, este jovem cresce a cada dia enquanto a sua juventude é supostamente sugada por uma divorciada quase nos quarentas que se deixa envolver sem saber bem o que quer tirar deste relacionamento. O argumento está solidamente desenvolvido de modo a transformar toda esta situação, que chega a ser deveras dramática, num final feliz, mesmo sem este ser aquele a que todos estavam à espera, transformando a obra numa verdadeira lição de vida, onde algumas pessoas conseguirão se retratar sem dificuldade.

O facto de o realizador ser nova-iorquino deverá ter contribuído para a escolha as excelentes paisagens da cidade com que o espectador é frequentemente contemplado, sejam estas diurnas, como o passeio no Central Park, ou nocturnas, como as vistas aéreas sobre as grandes avenidas com os iluminados arranha-céus como pano de fundo. Uma boa cinematografia foi também fundamental para que estas imagens pudessem ter o devido destaque, mais um factor a favor deste filme que apenas carece de uma banda sonora com outro poder persuasivo, por forma a envolver ainda mais a assistência.

O elenco foi bem seleccionado e, se em "Dinheiro Quente" tínhamos uma forte componente masculina, com Giovanni Ribisi e Vin Diesel como protagonistas, aqui o destaque é feminino, com as colossais Uma Thurman ("Gattaca") e Meryl Streep ("Podia-te Acontecer") nos principais papeis, eclipsando os demais, onde se inclui o actor principal, o agradável Bryan Greenberg ("Noivas em Guerra"). Thurman exibe todo o seu potencial sensual sem qualquer recurso à nudez, passeando glamour do primeiro ao último minuto (convém aqui reconhecer o desempenho da figurinista).

Em "Terapia do Amor"o estrelato pertence a Thurman, no entanto, Streep delicia e volta a confirmar o que já há muito havia confirmado – ser uma das melhores actrizes de todos os tempos, se não mesmo a melhor! Certos detalhes do argumento proporcionam ao filme alguma singularidade, tais como as hilariantes imagens da avó a bater com a frigideira na cabeça, o bizarro costume do bolo na cara das raparigas insatisfeitas (e não só!), ou mesmo o facto de o engano acontecer por a terapeuta usar o seu apelido de solteira e não o de família...

Este é um filme engraçado de se ver, no qual o amor, a religião, a família, os amigos e o trabalho, entre um vasto conjunto de elementos, se conjugam, para proporcionar uma obra com tanto de divertida quanto de séria, que, ainda assim, foge ao previsível e acaba por nos surpreender quando o obvio parecia já inevitável
1 out of 1 found this helpful. Was this review helpful? Sign in to vote.
Permalink

Recently Viewed